Mensagem de um velhinho

sábado, 13 de setembro de 2008

NÂO SEI SE CHORAS OU SE SORRIS !!!


Sei apenas, que a tua expressão eterniza a serenidade e a bondade que sempre te tem norteado pela vida fora !!

Hoje já de cajado na mão, continuas a ser para mim uma tia adorada e inesquecivel !

Muito mais teria para te dizer, para te fazer reviver os tempos das minhas traquinices, dos caminhos de bois que trilhamos, dos campos que amanhamos, das águas que tornamos, das vindimas, das desfolhadas, e das malhadas do trigo e do centeio feitas na eira dos moinhos !

Belos foram esses tempos de criança que eu vivi, e belos tambem para ti que não precisavas de usar o cajado que tens de usar hoje !!!

Por termos vivido no mesmo mundo, partilhado as mesmas dificuldades da época, por petencermos á mesma árvore familiar, da qual eu me orgulho imenso de pertencer, aqui te presto a minha sincera gratidão, não esquecendo nunca, que também tu um dia, me deste do teu pão !!!

Obrigado mais uma vez, e que continues por muito mais anos terna e serena como até hoje !

1 comentário:

Anónimo disse...

Neste rosto tão bem qualificado por ti, meu querido irmão, de "sereno" e "bom", também eu tenho dificuldade em definir os sentimentos da nossa tia através do seu olhar e do seu sorriso!
O que sei, isso sim, é que a tristeza é conotada com as lágrimas e a alegria com o sorriso. São dois sentimentos que, muitas vezes, se misturam. Não se confundem, digo eu, porque ambos exprimem diferentes sensações. Mas, há quem chore de alegria assim como há quem chore de tristeza. Certamente que toda a gente já experimentou situações do género.
Contudo, a lembrança que guardo desta caríssima tia, agora na sua decrepitude, a avaliar pelo cajado que transporta e pelas rugas que mostra é que, desde sempre, conheci os seus olhos a lacrimejarem, não sei se por causa de algum problema oftalmológico, ou se por outra estranha razão.
Antigamente, não se dava grande importância a sinais físicos que acompanhavam o crescimento das pessoas. Estas adaptavam-se aos defeitos com que nasciam ou surgiam depois, convivendo com eles naturalmente.
Hoje,felizmente, o mundo é outro e procuram-se soluções possíveis para eliminar imperfeições e corrigir deficiências.
Portanto, saber se a nossa tia, pontualmente, chora ou sorri, é, pelo menos, para mim uma inalcansável descoberta.
Mas, muito mais importante do que as expressões a que cada um de nós tem direito, como às de chorar ou sorrir, é confortável para mim fazer memória aqui, juntamente contigo, adorado irmão, das boas acções que a nossa tia praticou, nomeadamente a de nos ter dado pão.
Não sei se te envergonha ou te humilha essa atitude de o teres pedido. Pois, a mim, dá-me gozo falar desse tempo bem como associá-lo a uma dívida de gratidão que teremos de pagar, enquanto vivermos, a essa tão adorável e generosa tia que, sempre que nos via a "sondar" a porta, perguntava:
Quereis uma côdea de pão?
Ah! Nunca se pergunta a um cego se quer vista! teríamos dito nessa altura em que eram tão parcos os recursos económico/familiares! Viesse a côdea mais cedo e já era tarde para quem tinha o estômago tão "apertado"!
Curiosamente um dos nossos irmãos, o Ângelo, nunca pedia nada e até ficava envergonhado com a nossa ousadia! Mas, ao fim e ao cabo, também lucrava com ela, porque comia o que lhe tocasse!
Cumpre-me o dever, isso sim, de agradecer-lhe eternamente esse carinho, afecto e generosidadeque sempre teve connosco.