Mensagem de um velhinho

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

UM GRITO DE SAUDADES !!!

Sinto saudades de tantos episódios
que vivi e tantas coisas que não vivi

na minha vida!
sinto saudades da minha infância,
de momentos bons e menos bons
eu sinto saudades !


Dos tempos em que chegava a casa reclamando,
da voz da minha mãe me confortando,
da presença das minhas irmãs me olhando!
da lareira acesa com panelas ao lume,
DAQUELA ALEGRIA e DAQUELAS NOITES de NATAL
eu sinto inapagáveis saudades!


De tanta gente que foi partindo e nunca mais vi,
dos colegas da escola,
dos companheiros do campo e do monte,
do canto dos passarinhos
das festas e romarias,
da minha primeira ilusão
eu sinto saudades !


Da Escola onde estudei,
da minha despedida

e da partida para a Guerra na Guiné,
da viagem sofrida e silênciosa

até ao cais de embarque,
dos lenços brancos a acenar,
daquelas vozes embargadas a dizer Adeus,
eu sinto saudades !


Da Igreja onde fui baptizado
e fiz a minha comunhão solene,
de tudo o quanto sonhei
do pouco ou muito que alcancei,
do nascimento do meu filho,
dos seus primeiros passos,
daqueles beijos e abraços,
eu ainda sinto saudades!


De quem eu tanto amei,
de quem eu um dia deixei ,
e de quem me deixou,
de quem tanto me amou,
de quem o amor nunca me negou,
eu sinto tantas, tantas, tantas saudades!


Dos que partiram,
e não puderam voltar mais,
dos que não se despediram de mim,
do meu pai que eu não conheci,
da minha madrinha
a quem não pude dizer adeus,
da minha mãe,
de quem eu não me despedi,
eu sinto tremendas saudades !


De tudo o que deixei de viver,
de tudo o que eu já vivi,
do que poderia ter sido lindo,
dos meus avós que amei e que se foram,
e mesmo amando-os, eles não poderam ficar,
dos momentos que não tivemos tempo para viver juntos,
eu sinto tantas saudades !


Das páginas do livro que fomos virando,
das páginas que se foram rasgando,
de capítulos começados,
capítulos inacabados e ciclos terminados,
eu sinto tantas, tantas saudades !


Do passado de onde eu queria resgatar alguma coisa,
mas que nem sei o que é, nem onde a perdi,
de coisas que gostaria de ter e não tive,
de outras que tive e já não tenho mais,
eu sinto tantas, tantas, tantas saudades!


Das viagens a Montão,
dos companheiros de chambelho,
de todo um passado que não
consigo enterrar
nem me consigo libertar,
das irmãs e irmão que ainda tenho,
mas que ás vezes até parece
que já não tenho mais,
eu sinto tantas saudades !!!


Da minha mãe que já não me abraça,
mas que ainda conduz os meus passos,
da sua claridade e luz com que brilha lá no
Céu como uma estrela,

eu sinto a mais profunda saudade,
e oiço uma voz dizendo baixinho ;

UM DIA VOLTAREMOS A NOS ENCONTRAR...!!!!!!!!!!!!!
Autor:ManuelIsidroCampelodeSousa

19 comentários:

Maria de Lurdes Campelo de Sousa disse...

Podes não sentir a presença dos outros irmãos, mas estou e tenho estado aqui eu, que os represento a todos. Apesar de, algumas vezes e ainda mais agora, te parecer e a mim, que qualquer um deles poderia demonstrar neste espaço a amizade que sente pelos outros, não duvido, minimamente, da relação fraterna que os une a nós. Relação que foi observada e, orgulhosamente, cuidada pela senhora nossa mãe, para que, na sua ausência definitiva, continuássemos a ser amigos, não pode reduzir-se ou, então, desaparecer. De onde está, velará, seguramente, pela nossa harmonia de modo a que, por razão nenhuma, nos desentendamos ou sejamos menos amigos.
Subscrevo, querido irmão, as saudades que te prendem ao passado, nomeadamente, às pessoas que foram a nossa origem e às da nossa geração. Perdas irrecuperáveis, porque nunca mais as vimos, que tanto falam ao nosso coração, mas que não tendo a razão humana resposta para elas, à luz da fé, pelo menos eu tenho a certeza de que vou reencontrar-me com toda a minha família.
A saudade é um sentimento muito relativo. Por isso é que o mesmo momento, na vida de pessoas diferentes, pode não suscitar sensações iguais.
Se não fosse assim, as recordações que entristecem a uns, haveriam de entristecer os outros na mesma proporção. E, pela experiência, sabe-se que as pessoas diferem muito umas das outras e, por consequência, as suas emoções também variam.
Mas, se tu e eu temos esta esquisita sensibilidade que nos transporta para as pessoas que mais amámos e para os bons momentos que vivemos, porquê nos hão-de julgar?
A mim, conforta-me falar da minha mãe, da minha geração, das minhas raízes.
E tu, querido irmão, se outros leitores, neste espaço, não te derem a importância que te é devida e não pesarem o que vales, escreve para mim, para eu, enquanto cá estiver, poder comentar os teus pensamentos que tantas vezes confundem e se misturam com os meus e, copiosamente, me fazem chorar.
Beijinhos

Neca disse...

Há pessoas que escrevem livros e não sabem dizer nada !
Parabéns querida irmã, tu não escreves livros, mas escreves muito melhor que alguns daqueles que se dizem ESCRITORES !!!
Obrigado querida irmã !!!

angelo disse...

Para assinalar este dia tão especial - Dia de Natal - vou tentar fazer uma surpresa aos meus irmãos!... Digo tentar, porque já tentei noutras alturas, sem o conseguir, deixar o meu contributo, através de um simples comentário, para apreciar e elogiar publicamente a criatividade,a inspiração e a arte demonstradas pelo meu irmão, de nome Neca para os mais íntimos, e Manuel Isidro para os demais, neste blog por si criado, com tanta inspiração, sentimento e arte através de uma linguagem poética que faz inveja a escritores e poetas!...
Aliás, "Um Grito de Saudades" é não só uma inspirada peça literária, mas também uma explosão de afectos, nostalgia e tristeza por sentir que a vida vai ficando para trás e com ela tudo o que a preencheu e modelou, e que fez de cada um de nós a pessoa em que nos tornámos, assim como aqueles que dela participaram e nela deixaram marcas indeléveis.
Se o meu irmão tivesse nascido noutro tempo e lugar e com outras condições, quão sublime não seria o testemunho da sua passagem por este mundo!!...
A nossa Mãe - que eu aqui recordo hoje com tanta saudade e veneração! - enternecia-se frequentemente até às lágrimas com as obras de arte saídas das mãos e do coração daquele seu filho.
Há 64 anos - completam-se hoje - viveu o transe, a aventura, e os riscos de me trazer a este mundo. Quando os filhos fazem anos, as mães também estão de parabéns. Parabéns, Mãe!!! E muito obrigado pela vida que me deste e pela vida e pelo amor infinito que me dedicaste a mim a meus quatro irmãos: a Maria Hermínia, o Neca, e as gémeas: Fátima e Lurdes.
Descansa em paz junto de Deus. Os teus filhos guardarão para sempre nos seus corações os valores que lhes transmitiste.
Imagino como te sentirias orgulhosa e feliz se tivesses tido oportunidade de ler "Um grito de Saudades" escrito aqui ao lado!... Estou a ver-te com as lágrimas nos olhos a dizer: ora vede lá, quem no diria, como é que este filho tinha todos estes maravilhosos talentos escondidos!...
E vejo a Mãe preocupada com todos os filhos e, nesta altura, em epecial o Neca, porque também ele recebeu a "herança" genética que o irá levar nos primeiros dias de Janeiro ao Hospital de Santo António!...
Mas, vai correr tudo bem, porque ela, com o seu exemplo, a sua fé, e a sua vida de sacrifício e dedicação a Deus já ganhou para os filhos a protecção divina para que não se deixem vencer nem à primeira nem à segunda, nem à terceira, nem à décima ameaça!...
Descansa na paz do Senhor, Mãe querida!...
Do teu filho, Angelo.

ELLA disse...

Sua poesia faz relembrar fatos que foram deixados pelo caminho...
É emocionante relembrar...

Maria Hermínia Campelo Sousa Amaral disse...

Neca, não quereria que, do meu silêncio neste espaço, ficasses com a ideia de que eu te amo menos do que qualquer um dos meus irmãos. Nunca comentei nada sobre a obra-prima que criaste neste blogue, não porque a desvalorize ou a ignore, isso não, mas por duas razões, sendo que a primeira, é por não ter internet e a segunda, é por não saber navegar nela. Mas, afinal, ainda não te disse quem sou. Só poderia ser a Maria Hermínia ou a Fátima, visto que somos as únicas irmãs que ainda não comentámos o teu blogue. Pois bem, para não ficares com dúvidas quanto à identidade de uma ou da outra, vou facilitar o teu trabalho! Sou a tua irmã mais velha, a Maria Hermínia, ou, se quiseres, a Mina para os irmãos, obviamente.
Mas, então, quererás saber tu como é que cheguei aqui? Foi fácil. Como sabes, tenho a Lurdes, com o marido, a passar o Natal em minha casa e trouxe o seu computador.
Depois, de algumas horas de saudável, natalícia e familiar cavaqueira, “veio a lume” a capacidade e os dons de cada um de nós, sendo que tu foste referenciado como a surpresa do "bando", porque por auto criação, apresentas-nos esta maravilhosa odisseia carregada de talento e imaginação, que se tem aberto ao mundo através das novas tecnologias. Assim, aproveitando a presença da nossa irmã, quero eu também associar-me, através dela, aos comentários do teu blogue. Eu dito e ela escreve.
Porventura, não será um comentário tão vivo e eloquente como os demais, mas será, seguramente, a maior expressão de afecto que alguma vez já te manifestei. Tenho eu, aliás, todos temos obrigação de te rodear de carinho, agora mais do que nunca, para que tenhas a certeza de que partes para a luta, mas não vais sozinho. Ninguém te abandonará. Seremos todos por um e um por todos.
Deus também estará lá. Será o “fiscal” da tua cirurgia para que nada escape ao Seu controlo. Nós vamos fazer a nossa parte, mas tu tens de fazer a tua e Deus fará o resto e o que é da Sua competência. Põe n’Ele a tua confiança, pois Ele diz: “Pedi e recebereis”.
Vai tudo correr bem. Não tenhas medo. Costuma dizer-se que os medos são monstros de palha. Ateia-se-lhes o fogo e reduzem-se a nada.
A vida é assim: tem as suas épocas e os seus capítulos, mas tem, igualmente, o seu quinhão de triunfos e felicidade para que as adversidades e as experiências dolorosas não se eternizem. Estou ciente de que a etapa menos boa que se aproxima vai passar depressa e que o teu regresso à normalidade também será breve.
A nossa mãe que cuidou, que chorou, que rezou tanto por nós enquanto esteve connosco, também, do lugar onde está, ainda que sob o olhar fisicamente misterioso e impossível, já está a interceder por ti e continuará a fazê-lo nos momentos em que os seus filhos precisarem mais da sua maternal protecção.
Não conviria que eu me evadisse deste espaço, onde tu, o Ângelo e a Lurdes, já muito disseram sobre a nossa mãe e eu, que privei tantos anos com ela, não tivesse nada para lhe dizer.
Quem me conhece sabe que não sou pessoa de muitas palavras, mas sou uma filha muito grata à minha santa e doce mãe por tudo o que fez por mim.
E, agora, mais palavras para quê?
Beijinhos da tua irmã - Mina e boa sorte para a tua operação. Estaremos a torcer vivamente pelo sucesso.

Um grupo de amigos de Montão disse...

Já muitas vezes visitei este blogue mas nunca deixei qualquer comentário, apesar de o achar interessante. Agora que acabo de o abrir, vejo novidades. E uma que me impressionou muito é saber que o autor do blogue que, manifestamente, tanta arte revela na forma como o trabalha e altera, está doente e se prepara para uma eventual cirurgia.
Quero, pois, aproveitar este momento e este espaço para exprimir em meu nome pessoal e em nome daqueles que têm a minha sensibilidade os melhores votos de saúde para o ano de 2010 e desejar o maior sucesso na sua operação.
Ficamos a aguardar notícias e o seu bem-vindo regresso ao blogue.
Um abração amigo dos habitantes de Montão, residentes ou espalhados por esse mundo afora.

Anónimo disse...

Tenho então o privilégio de ser eu a inaugurar o novo ano neste espaço, simultaneamente privativo e público, criado pelo meu irmão, Neca!...
Privativo, porque se trata de um blog da iniciativa e engenho artístico de uma única pessoa, na esfera da qual se manteve durante meses a fio.
Público, porque o blog foi criado para cumprir um desígnio transpessoal, como espaço de cariz intimista e confessional, onde o seu autor faz confluir pensamentos, sentimentos, emoções e recordações, ao qual pretende associar todos quantos se sintam ligados afectivamente à terra onde nasceu e viveu os primeiros anos da sua existência.
Já agora tenho de confessar a minha inaptidão para as novas tecnologias, pois esta já é a terceira tentativa que faço para deixar um comentário neste blog, e as duas anteriores fracassaram.
Espero que à terceira seja de vez.
E tenho também a esperança de que este ano nos traga a todos muitas alegrias!...
Angelo

angelo disse...

À terceira tentativa consegui, se bem que algo desajeitadamente!...
É que não acabei uma frase e o comentário saíu como sendo de anónimo! Não sei explicar como tal aconteceu!...
Nas duas primeiras e frustradas tentativas escrevi comentários extensos! Como foi tudo por água abaixo, agora tenho de ser mais comedido, pois pode acontecer o mesmo!
Tenho de fazer alguns ensaios para ver se aperfeiçoo a técnica!
Neste gostaria de dizer que acabei de ler um livro muito interessante que me foi oferecido pela minha filha Susana no Natal.
Oportunamente direi mais alguma coisa sobre o seu conteúdo, por me parecer muito apropriado à situação do Neca!..
Angelo

Angelo disse...

Parece que já melhorei! E então para tentar redimir-me do longo silêncio que mantive até ao primeiro comentário, aqui deixo o meu registo de satisfação pelos progressos alcançados e aproveito para retribuir aqui os votos de FELIZ ANO NOVO que o Neca deixou numa imagem lindíssima neste blog, votos que torno extensivos a todos aqueles que a ele acederem, em especial ao autor do 6º comentário|....

Carla Gomes disse...

Saudades... Sentimento intemporal... Transversal a todas as gerações... Coração apertado, angústia do que se lembra que se sentiu... Desespero por não se conseguir teletransportar... Nostalgia...
Eu sinto saudades... Da inocência de acreditar que no mundo só existiam pessoas boas, dos amigos e das brincadeiras verdadeiramente vividas que me acompanharam durante a infância, dos sonhos (que eram tantos) de mudar o mundo... Saudades de ser menina, de ser criança... Saudades de muita coisa...
Agora? Agora as pessoas já não são todas boas... Os sonhos já se foram perdendo... Os amigos já cresceram e voaram para ruas distintas... Sobra saudade, e mais saudade...
De repente paro… e vejo que a saudade vem da nossa total e intensa presença num dado lugar/situação... Mas, se pensarmos bem naquele exacto momento também existiam problemas, coisas menos boas... O tempo filtrou as emoções... Restam as que rotulamos de "boas recordações"... E se HOJE conseguíssemos afastar um pouco o peso dos sofrimentos individuais e colectivos, apenas respirar, relaxar... Estar intensamente num AGORA que é um PRESENTE verdadeiramente único... Fixar uma paisagem, admirar um sorriso conhecido ou desconhecido...
A saudade assim deixa de doer, é apenas aceite como algo tão naturalmente belo que nos dá paz... Tudo é natureza, tudo é natural... Cada vez que nos deixamos fixar naquilo que não fizemos ou não dissemos mais peso colocamos no momento que vivemos agora, e não se torna possível retirar deste AGORA toda a essência positiva que ele nos dá... Não é resignar, é apreciar a nossa viagem, leves de espírito e cheios de fé...
Daí que em 2010 o grande desafio seja perdoar, perdoar-se, esquecer, dizer o que se quis dizer (porque nunca é tarde, e na ausência do receptor, o silêncio é um fiel mensageiro que nos responde para o coração)... libertar-se... Fé em Deus... Confiar na natureza e VIVER... Viver cada "presente" que a vida nos dá... E SORRIR... Porque é deixar o optimismo nos cercar e é o remédio único para o corpo e espírito...

Maria de Lurdes Campelo de Sousa disse...

Não quero ficar indiferente ao teu comentário, Carla, no qual evocas sábia e poeticamente diferentes saudades. Gostei muito.
Está muito bem contextualizado. Parabéns.
Cada indivíduo as exprimirá consoante a sua imaginação e sentimento. E, ai, ai, tantas são as saudades!
Talvez os mais sensíveis as sintam de forma mais intensa e através das lágrimas. Mas isto não lhes dá o direito de rotular os que são diferentes, de frios e distantes.
Quem não chora comprime dolorosamente em si, emoções fortes e, asfixiado que é pela necessidade de chorar, porque não é de "ferro", mas não consegue, acaba por digeri-las até ao limite. Então, o desiquilíbrio entre a mente e o coração instala-se e, por vezes, a seguir vêm outras complicações.
Portanto, quem for capaz de atenuar saudades, chorando, ou de "suprimi-las" esquecendo, encontrou as razões que só ele conhece no seu estado de alma!
Agradeço-te, Carla, a tua presença neste blogue.
Não me abstenho de fazer-te esta confissão: «Quem meus irmãos beija minha boca adoça». Adoro-os. Nas palavras que escreveste e tão belas são, está ali tudo: sentimento, saudade, romantismo, amizade, conselhos, esperança, etc. etc. Mas, nas entrelinhas eu consigo ler o que as tuas palavras não dizem e tenho a certeza que estás em sintonia com o Neca e connosco, seus irmãos.
Obrigada.
Bjs da sempre amiga Lula.

Maria de Fátima campelo de Sousa Albuquerque disse...

Certamente que terás pensado que a tua irmã Fátima, pelo facto de se ter silenciado, só Deus sabe, porque razões,esteja menos atenta à tua condição de doente..., devo afirmar - te, com toda a sinceridade, que estou francamente unida às tuas angústias, pois reconheço que, neste momento, és tu, querido irmão, o alvo para o qual as flechas da incerteza se direccionam e convergem!
Sei eu bem o quanto dói a indiferença daqueles que, não o fazendo por mal, julgam ser este o nosso destino... ou então, de que já nascemos com a triste sina de que os membros da nossa família se acomodaram, predispondo-se a aceitar os contratempos da vida de ânimo leve, ou seja, encarando-os ou reduzindo-os à simples banalidade. Mas, de facto, não é assim, isto porque somos humanos!Há quem afirme que o sofrimento purifica...Todavia, só à luz da Fé é que este seria entendível, porque de outro modo, a Esperança perdiria todo o sentido na sua essência!
Assim sendo, demos as nossas mãos, enterlaçando-as para lhes inculcar mais força e tomarmos os mesmos remos a fim de deslizar no mesmo barco. Eu, juntamente com os outros 4 irmãos, elevaremos o nosso pensamento a Deus, rogando-Lhe para que nos empreste os Seus braços de modo a que o mesmo barco rume e ancore num porto seguro.
Não desanimemos na viagem, querido irmão, apesar de haver riscos que se correm, desafios a vencer e metas a atingir!
Nós, as 3 irmãs, Mina, Lula e Fatucha, somos o testemunho vivo, devido às vivências experienciadas de que vale a pena lutar, já que a atitude de cruzar os braços leva à mutilação da Esperança! Estou contigo, ou melhor estamos, pois o amor fraternal que nos une faz-nos comungar das mesmas emoções!
Antes de terminar, não posso deixar de evocar a memória da nossa querida Mãe, pois acreditando de que Deus a tem a Seu lado, estou certa que, do Céu, continua a amar-nos e a +interceder para que sejamos felizes!
Confiemos no Senhor Deus e animemo-nos com as Suas promessas:- "Vinde a mim vós todos os que andais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei."
Boa sorte para a tua cirurgia.
Beijos afectuosos da irmã Fátima e sobrinha Joana.

Carla Gomes disse...

Obrigada. Escrevi da alma, do coração... Sim Lula, não escrevi palavras que dissessem directamente o que estava implicito em toda a mensagem... Normalmente não o faço, porquê? Não sei... Estou com o Sr Neca, neste momento dificil, assim como com cada irmã a cada momento dificil... Mesmo quando pareço distante.
Tanto mais poderia dizer, mas as palavras atropelam-se...
Força, fé, calma, confiança, carinho, amizade... Tudo vai correr bem... Beijinhos para todos.
Carla

Maria de Lurdes Campelo de Sousa disse...

É tão bom Carla sabermos que não estamos sozinhos nesta agonia e neste sufoco! Não há recompensa humana que possamos dar-te pela força, coragem, amizade, carinho, esperança,... que dás a cada um de nós.
Só Deus pode compensar a tua generosidade. Mas, em nome dos meus irmãos, eu quero e desejo que nunca vivas esta experiência cruel de doença e nem participes de dores, que flagelem a tua família. É horrível passar pela dor física, mas é infinitamente pior vermos sofrer quem amamos! É que sendo eu a vivenciar o sofrimento, já sei que Deus me dá o arcaboiço necessário para aceitá-lo. Mas tratando-se da minha família... oh! dói-me o coração e a alma em vê-la cair fundo, porque não sei até que ponto terá a capacidade que se impõe para colaborar nesta "empreitada". Mas Deus providenciará no sentido de que cada um nunca desanime nem desista. É nessa Força Superior que eu, nesta hora e nas próximas, acredito.
Meu irmão, se a previsão médica se mantiver, será operado no próximo dia 14, 5ª feira.
Não preciso de apelar à tua união espiritual connosco, porque acredito que estarás presente com a tua oração.
Obrigada e beijinhos da sempre tua Lula.

Angelo disse...

Uhau!!!... O blog está a assumir uma dimensão inesperada e perigosa! Inesperada porque num curto espaço de tempo, depois de longamente ter ficado a hibernar algures no éter, assumiu existência pública. Perigosa porque, salvo no que a mim diz rspeito, a qualidade dos comentários e dos comentadores, a que agora se juntou a Carla, é de tal calibre que pode inibir o aparecimento de outros intervenientes!... E seria muito interessantes que o universo dos comentadores se alargasse exponencialmente!...
Para que este meio de comunicação entre os participantes no blog possa ter sucesso e não corra o risco de se fechar num círculo restrito de intervenientes, deverá ser um espaço aberto onde caibam todos os temas sem quaisquer restrições ou condicionamentos.
De outro modo, o tema que até aqui tem sido central na participação dos vários intervenientes - a doença do seu criador - acabará por se esgotar quando deixar de haver novidades, em especial se foram boas, como todos esperamos!...
A surpresa para mim foi a intervenção da Carla (gostaria que numa próxima participação nos dê, em especial a mim, mais alguns dados da sua biografia!)literariamente muito rica e reveladora de sentimentos muito nobres.
E apreciei sobremaneira a sua reflexão sobre o perdão.
No livro de que falei num dos meus últimos comentários, que tem por título "A Cabana" e por autor WM. Paul Young, há um diálogo entre Deus e o principal protagonista da história nele contada, onde a propósito do perdão, diz Aquele a este: "O perdão existe em primeiro lugar para aquele que perdoa, para libertá-lo de algo que o vai destruir, que vai acabar com a sua alegria e a capacidade de amar em plenitude e abertamente".
Eu não diria melhor!... De facto, quem mais ganha com o perdão é aquele que perdoa! Parece um paradoxo, mas não é!... Aquele que alimenta ódio ou ressentimento no seu coração, vive numa prisão construída por si próprio, e permanentemente torturado pela sede de vingança, saciada em taça de fel e vinagre!...
Numa outra passagem do diálogo entre os dois personagens, e porque o homem acusava Deus de ser responsável pelo sequestro e assassínio da sua filha mais nova, de apenas 6 anos, às mãos de um "serial thriller", Deus propôs-lhe a resolução do seguinte dilema: Dos teus 5 filhos, por decisão tua, 2 irão para o Céu e os restantes, irão para o inferno. Diz-me, pois, quais deles destinarias ao gozo do Paraíso e quais os que condenarias às penas do Inferno.
Apesar de pelo menos um dos filhos ter comportamentos agressivos contra si, aquele pai recusou-se a julgar os filhos e decidir quais os que iriam para o Céu e os que condenaria ao Inferno.
Deus disse-lhe: "- Só estou a pedir-te que faças aquilo que acreditas que Deus faz. Ele conhece
todas as pessoas já concebidas e de uma forma muito mais profunda e clara do que alguma vez conhecerás os teus filhos. Ele ama cada um segundo o que conhece da natureza desse filho ou dessa filha. Tu acreditas que Ele irá condenar a maioria a uma eternidade de tormentos, para longe da Sua presença e do Seu amor. Não é verdade?"
O diálogo é muito extenso, mas a conclusão que dele se retira é que, assim como aquele pai se recusava a condenar 3 filhos ao Inferno, também Deus não decide aqueles dos Seus filhos que terão esta ou aquela doença, este ou aquele infortúnio, esta ou aquela fatalidade! Mas, por causa do livre arbítrio que está ínsito na natureza humana, Deus não impede muitas coisas que lhe dão dor!
Eis porque não pode culpar-se Deus das nossas doenças e dos males que nos afligem e torturam, por muito que isso O faça sofrer!...
Interessante, não achas Neca?...
Um abraço do Angelo.

Maria de Lurdes Campelo de Sousa disse...

Não me atreveria a responder a um discurso tão eloquente do meu irmão, Ângelo, se do diálogo que consta no livro "A Cabana" eu não tivesse revisto uma lição, que afinal não me ensina nada que eu já não saiba.
Nunca me passou pela cabeça, digo-o abertamente, que Deus fosse o autor das doenças ou que, oportunamente, submetesse a elas aqueles que Ele criou para serem, já aqui, verdadeiramente felizes. Se estivesse ciente da Sua sádica e estóica atitude, então, eu seria uma mulher muito revoltada e com razões de sobra para "denegrir" a sua condição de Deus com os mais vis impropérios. Só que eu não acredito que, das adversidades da vida de cada um, Deus tire algum proveito. Creio, isso sim, que os nossos genes possam sofrer mutações e, de seguida, desencadearem uma doença específica. Embora Deus não possa alterar o respectivo diagnóstico, porque os fantasmas estão lá, pode, contudo, porque é Clemente e Compassivo, alterar o curso da doença, através da sabedoria que deu aos médicos para descobrirem as terapias mais eficazes que a destruam e a irradiquem.
Quanto a isto estamos conversados.
Relativamente ao destino que o pai daqueles filhos recusou definir, sem favorecer os melhores em detrimento dos menos bons ou, porventura, maus, provou ali a elevação do seu amor paternal e ensinou que quem muito ama muito perdoa.
Diz um autor desconhecido:«a maior tristeza é não poder sorrir para os que já foram. É não poder pedir-lhes perdão»
Mas se nenhum desses gestos eu posso exprimir pelo menos, ainda posso implorar à minha mãe que cuide agora e sempre do Neca, meu irmão.
Que tenhas uma santa noite.
Beijinhos afectuosos da tua especial irmã - Lurdes

Carla Gomes disse...

Boa noite. Se depender de mim este blog será ainda mais visitado e ainda mais comentado. Ou não tivesse ele a qualidade extraordinária que está à vista!
Obrigada aos que escrevem sobre o meu comentário, que escrevi na sequência de um poema que me disse tanto.
Quanto à biografia, é como a de Fernando Pessoa... Mas, agora a sério, não sei realmente que dizer, não sobre mim... Ainda não li "A cabana", mas fico já com um bom registo.
A angústia dos momentos dificeis a chegar é como um ataque lento ao coração, que o vai apertando, apertando... Como a saudade... Reforço todos os pensamentos positivos e alegres, para que o coração não fique apertadinho demais, e para que saiba que está "aqui" muita muita gente a enviar vibrações positivas (acredito que se conseguir concentrar-se consegue-nos sentir)... Espero que daqui a um tempo possamos combinar um encontro, de sorrisos... De vivências profundas que merecem ser celebradas... Conto com isso! e lanço o desafio... Um beijo, um sorriso, e muita energia positiva (mais valiosa que a da Galp)...

Maria de Lurdes Campelo de Sousa disse...

Meu querido irmão:
Antes que te ausentes e, temporariamente, este teclado se cale e imobilize quero, outra vez, demonstrar-te o meu carinho e a minha solidariedade total. Tu vais, mas atrás de ti vai o meu coração e o meu pensamento. Para além de tantos desejos meus que até hoje deixei registados no teu blogue, fica hoje e, neste momento, mais um: oxalá que passe depressa esta prova de fogo e que o melhor resultado dela seja, meu irmão, o que tu e nós ansiamos: apenas um problemazito sem graves consequências.
Tua mulher, teu filho e Sofia são a trave segura que sustenta a tua vida e o sonho que a comanda. A Mina, o Ângelo, a Fátima e eu somos a corda forte, onde te vais agarrar para ganhar este desafio.
Como vês, à tua espera fica uma plêiade de gente importante e com disponibilidade total para te ajudar. Não desistas e colabora connosco.
A nossa força de vontade é meio caminho andado para a nossa cura. Fala-te disso quem muita luta já travou para sobreviver. Não podemos cair e permanecer no chão. O que temos mesmo é de: encher o peito de ar, respirar fundo e celebrar a festa da vida com a família e os amigos, pelos anos que vamos fazendo.
Gostaria, por fim, de lembrar-te que Deus tem sempre a última palavra sobre o percurso que cada um faz. Aceitar isto como verdade é privilégio dos que têm fé. E tu tem-la. Terá estado adormecida, mas nunca é tarde para descobrir, através dela, a presença de Deus em nós.
Sugiro-te a que não te desvies da Sua direcção, para que nesta hora em que mais necessitas de conforto, de optimismo e de força, Ele se manifeste. Reconcilia-te com Ele e encontrarás a serenidade que precisas, enquanto aguardas a cirurgia e obterás melhor saúde logo que tudo passe. Vai correr bem e, como diria Fernando Pessoa: «Tudo vale a pena se a alma não é pequena». E pela grandeza da tua e da nossa mereces vencer esta doença.
Que Deus te abençõe e te propicie uma santa noite.
Beijinhos afectuosos e muitos dos teus dilectos irmãos.

Angelo disse...

Se não houver nenhum imprevisto, o Neca irá ser internado ainda hoje, dia 13 de Janeiro, às 14 horas, para fazer a intervenção cirúrgica amanhã, dia 14.
Iremos estar todos irmanados no mesmo pensamento, na mesma vontade e na mesma esperança de que a operação seja uma via para a restauração da saúde!... Plagiando a Carla, iremos todos congregar as nossas vibrações positivas para que ele tenha a força, a confiança e a esperança de que vai superar este obstáculo e saltar com sucesso por cima do abismo!... Vamos unir os nossos corações e as nossas orações para que, passado o efeito da anestesia, ele possa regressar e acordar do sono forçado com entusiamo e vontade de lutar para continuar. independentemente disso, lá estarei à porta do Hospital para logo que possa fazer uma visita ao paciente e dar-lhe um abraço de boas vindas da operação e do sono profundo!...
E já que assim tem de ser, pois seja! Quanto mais cedo, melhor. Há ainda muito caminho para andar, Neca!... na compampanhia de todos os que te amam.
Boa sorte. E que o sono seja tranquilo e a operação um sucesso total!...
Angelo