Mensagem de um velhinho

sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL EM TEMPO DE GUERRA COLONIAL - Do Livro de memórias.

Faz hoje precisamente 41 anos, que eu me encontrava a cumprir serviço militar (OBRIGATÓRIO) na Provincia da Guiné, ou seja na cidade de Bafatá.



Digo serviço militar obrigatório, porque ainda sou daqueles que foi para a guerra obrigatoriamente defender não sei bem o quê nem para quê, e não para ganhar dinheiro como vão agora VOLUNTARIAMENTE os militares Portugueses, igualando-se por isso aos ditos mercenários de guerra. Digo mercenários porque se oferecem como voluntários a troco de bons salários e porque hoje nenhum homem Portugês é obrigado a ir para a Guerra seja ela em que país for. É uma verdade que muita boa gente terá de engolir como quem engole sapos vivos, quando dizem que vão defender esta ou aquela nação deste ou daquele ditador, deste ou daquele regime. Eu lembro a esses voluntariosos, que a GUERRA COLONIAL OU GUERRA DO ULTRAMAR, nunca acabará para aqueles que de uma maneira ou de outra se bateram em combate OBRIGATORIAMENTE, deixando-lhe as marcas mais profundas no corpo e na alma para o resto das suas vidas, e, em muitos casos também às próprias familias.



Foi o primeiro Natal que eu passei longe da minha familia, e em pleno teatro de guerra colonial, não admira portanto que estejamos todos de garrafa na mão, pois só o álcool nos fazia esquecer as tremendas saudades da familia.



Já lá vão 41 anos.......!!!!






Para quem não sabe, o pessoal desta fotografia eram considerados a tropa de elite. È composta por Radiotelegrafistas arma a que eu pertencia, Operadores de Mensagens e Operadores Criptos. Ainda sei o nome deles quase todos, espero e desejo que todos eles ainda sejam vivos e estejam de boa saude.



2 comentários:

Maria de Lurdes Campelo de Sousa disse...

Quando a família, à noite, num clima de paz e alegria se reune à mesa para comer o bacalhau com batatas e tronchuda, beber uns canecos e saborear típicas sobremesas está, pois, a celebrar um verdadeiro Natal. Portanto, na ausência da família e num palco de guerra nenhum camarada, por mais que disfarçe a felicidade com os outros, entre copos e iguarias, tem razões para festejar. Mesmo que reine uma aparente boa disposição provocada pela ingestão destemperada de bebidas alcoólicas entre eles, essa, não preenche nem supre a falta da família, porque ela é e será sempre o suporte onde todos os membros se seguram e, quando falta algum, a plenitude da celebração do Natal é uma utopia e um surreal acontecimento esvaído de sentido. Foi assim, há 41 anos, que a nossa querida mãe sentiu e viveu o Natal com lágrimas e saudade à mistura
beijinhos da tua querida irmã Lurdes

Almerindo Costa disse...

Eu, Almerindo Machado, fui um guerreiro cá dentro, embora tenha vivido as periécias duma guerra, infelizmente infrutifera para os portugueses, que se debateram por uma causa que desconheciam ser injusta, na qual muitos perderam a vida e outros ficaram mutilados para sempre.
Teu primo amigo - Almerindo.