Mensagem de um velhinho

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SALGUEIROS


1 comentário:

Anónimo disse...

Há cerca de muitas décadas os Salgueiros tinham vida, juventude, produção agrícola exuberante e habitantes. Não é que as casas fossem muitas(somente três), mas eram as famílias numerosas. Três casais, reproduziram-se substancialmente, conforme a natureza impunha e a Bíblia preceituava. O Sr. António e Senhora glória tiveram oito filhos; O Sr. Vitorino e Senhora Ana tiveram dez e o Sr. Manuel Domingos e Senhora Ana(não faltavam Anas!)tiveram mais sete, não contando os abortos que eram mais frequentes naquela época do que o são actualmente. Porventura, fruto das consultas pre-natais a que as grávidas não faltam, ao conhecimento que vão adquirindo nas consultas de planeamento, leituras específicas sobre a maternidade, cuidados médicos a observar durante a gravidez, enfim, procedimentos que outrora não se praticavam, uns por ignorância e outros por falta de meios. Mas fazendo as contas aos vivos, habitavam ali 31 pessoas fora os pais dos casais, que, não raras vezes, conviviam com os filhos. As famílias eram bem estruturadas em termos do amor que as unia. As divisões das casas podiam ser pequenas, mas eram os corações grandes, que se abrirem ao acolhimento. Cabiam todos dentro:(pais, filhos, avós, bisavós, se vivos fossem e a necessidade imperasse, alargando-se, algumas vezes aos tios e padrinhos).
Hoje, vive lá uma pessoa apenas com 61 anos. É a Livração, neta do falecido Sr. Manuel Domingos e sua senhora Ana.
Os casais que geraram tanta "filharada" já faleceram, excepto o Sr. Vitorino, à beira de perfazer um século. Os descendentes desses casais vivem ainda, salvo o Amadeu, filho do Sr. António e Srª Glória que morreu muito novo. Cada um dos outros saíu dos Salgueiros para se governar e não mais aí voltou para se fixar.
Assim, esse lugar, que foi "berço" das crianças que aí nasceram, foi observador do seu crescimento e foi testemunha do seu abandono, quando as circunstâncias da vida os chamararam para outras paragens encontra-se hoje quase deserto, não fosse a destemida e corajosa Livração a sinalizar aí a sua presença. As pessoas foram, quiçá, substituídas pela bicharada ou, quando muito, pelo canto dos passarinhos; os campos e as vinhas que tanto fruticaram estão minados de mato e de silvas.
Afinal tudo vai atrás do dono!