Maria de Lurdes Campelo de Sousa Rodrigues
disse...
Atravessei-a, algumas vezes, quando era criança e na minha juventude, acompanhada por minha mãe e meus irmãos. Transportávamos à cabeça ou às costas um feixe de tecidos amarrado com uma corda, nunca um peso superior às nossas forças, porque a mãe de afectos que tínhamos, não abusava da nossa fraqueza! Por montes, caminhos e carreiros acima, mal alimentados como se calcula, chegávamos, enfim, às portas das pessoas convidando-as a comprar o que vendíamos. Nem sempre aceites, porque a vida era dura e o dinheiro escasso. Mas, se não compravam daquela vez, decerto que, numa próxima, satisfariam o desejo dos vendedores ambulantes! Paralelamente a este roteiro, lembra-me de carregar sacos de cereais (milho, centeio e raramente trigo), destinados à moagem. Era o moinho da "ponte" que a fazia. A farinha resultante desse processo, destinava-se à cozedura semanal da broa, a base da alimentação das famílias tradicionais. Da ponte da lagariça se rumava para Ramires, Montão, Vinhais e S. Cipriano. É claro que a partir destas localidades se encontrariam outras mais acima, mais abaixo ou mais além. As pessoas deslocavam-se a pé, pois não havia estradas nem carros obviamente. Hoje, a rede de acessibilidades é imensa e tão depressa estamos perto como longe. Ainda bem que os tempos mudaram. Embora nem todo o progresso tenha sido positivo. Também se tem evoluído para o mal. Ou serei eu uma péssima "analista"?
1 comentário:
Atravessei-a, algumas vezes, quando era criança e na minha juventude, acompanhada por minha mãe e meus irmãos. Transportávamos à cabeça ou às costas um feixe de tecidos amarrado com uma corda, nunca um peso superior às nossas forças, porque a mãe de afectos que tínhamos, não abusava da nossa fraqueza! Por montes, caminhos e carreiros acima, mal alimentados como se calcula, chegávamos, enfim, às portas das pessoas convidando-as a comprar o que vendíamos. Nem sempre aceites, porque a vida era dura e o dinheiro escasso. Mas, se não compravam daquela vez, decerto que, numa próxima, satisfariam o desejo dos vendedores ambulantes!
Paralelamente a este roteiro, lembra-me de carregar sacos de cereais (milho, centeio e raramente trigo), destinados à moagem. Era o moinho da "ponte" que a fazia. A farinha resultante desse processo, destinava-se à cozedura semanal da broa, a base da alimentação das famílias tradicionais.
Da ponte da lagariça se rumava para Ramires, Montão, Vinhais e S. Cipriano. É claro que a partir destas localidades se encontrariam outras mais acima, mais abaixo ou mais além.
As pessoas deslocavam-se a pé, pois não havia estradas nem carros obviamente. Hoje, a rede de acessibilidades é imensa e tão depressa estamos perto como longe.
Ainda bem que os tempos mudaram. Embora nem todo o progresso tenha sido positivo. Também se tem evoluído para o mal. Ou serei eu uma péssima "analista"?
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