Lá teria as suas razões o devoto que mandou construir um nicho em honra de S. Domingos. Porquê ali? Porventura por estar perto dos seus campos e por ser ponto de passagem para os mesmos, acredito que tenha em algum momento da sua vida parado aí, para orar ou fazer silêncio. Quantas vezes se diz tanto não dizendo nada! As palavras não saem, mas tem muita força o sentimento. Estou convicta de que o Santo era muito mais venerado nesse tempo em que vários transeuntes, por ali passavam deslocando-se a pé até aos campos, montes ou até à serra, ou então porque esse lugar a que chamavam de Sardal ou Cruz era um oásis, para quem vinha carregado com molhos às costas ou à cabeça, e os pousavam ali, do que o é hoje, tempo em que já não se cultiva quase nada para aqueles lados e os que por ali passam, fazem-no de carro, cujos condutores e acompanhantes não têm tanta fé no Santo que justifique ali uma paragem obrigatória!
Um simbolo... Uma lembrança sem lembrar... Uma saudade que se sente mesmo quando não se conheceu alguém... Alguém importante... Alguém de quem se gosta sem nunca ter visto... Gosto das histórias... Porque as histórias me aproximam das pessoas... O sr Domingos, posso dizer com orgulho, foi o meu Avô... Que espero que olhe por nós... Um beijo com saudades de quem nunca te conheceu...
A Carla é licenciada em Psicologia e do que conheço dela e das suas qualidades humanas, é para mim um orgulho quantificar neste espaço o carinho, a amizade e a admiração que sinto por ela. Sendo que o mercado de trabalho está muito condicionado pelo excesso de licenciaturas, a de Psicologia não foge à regra. E esta menina é, como muitas, apanhada pela crise do desemprego na sua área. Mas, enquanto que algumas recém-formadas se acomodam às circuntâncias, a Carla não. Sujeita-se a trabalhar seja no que for, mesmo que a frustração e o desencanto se misturem com a dignidade do trabalho, que segundo a sabedoria popular não tem patamares, ou seja, todo o trabalho é digno. E esta atitude despretensiosa dessa menina aproveitar todas as oportunidades, ainda que não se prendam com a sua realização pessoal e profissional, é que faz toda a diferença. Mais: faz de si uma grande mulher. É também a protagonista de uma história pessoal que ninguém mais conta, porque cada um de nós e segundo o projecto de vida que constrói, é único e irrepetível. E esta história de vida é que aproxima as pessoas e estreita os corações. Essa relação de proximidade que mantenho com a Carla desde pequenina, faz de nós amigas especiais, de tal modo que eu continuo a ser para ela, não a Lurdes mas sim a Lula, que ela aprendeu a chamar quando era bebé. Deixo-lhe aqui um abraço afectuoso e beijinhos de amizade. Lula
Obrigada Lula... Pelas palavras de ternura, afecto e compreensão... Obrigada pelos anos de convivência, aprendizagem, apoio... AMIZADE! Porque uma amizade que se constrói com pilares suficientemente fortes nunca se esquece nem diminui em sentimento ou lembrança por mais que os caminhos não se cruzem... Obrigada pelas lições de vida... Obrigada porque simplesmente é... A minha Lula...
Não mereceria tanta gratidão se Deus... falando numa perpectiva mais religiosa ou então... o destino, se é que existe, não nos tivesse cruzado nesta escalada da vida que cada uma vai fazendo. Tu, ainda jovem, arquitectando projectos e alimentando esperanças. Eu, dando cumprimento aos meus, mas... já com o vigor da vida a decair em consequência da idade, das desilusões, das doenças que tive, tenho ou terei e das partidas que a vida vai pregando. E que partidas!... Mas olha, Carla, se alguma coisa aprendeste comigo, muito me ensinaste também. Não há mestre que não aprenda e aprendiz que não ensine. O primeiro, aprende ensinando e o segundo ensina aprendendo. Paradoxalmente esta relação, há cerca de meio século atrás, entre ensino/aprendizagem não tinha a mesma conotação nem o mesmo resultado que tem hoje. Felizmente a reforma e as actualizações do sistema de ensino foram e continuam a ser tão oportunas, que a escola da vida é o produto da vida na escola onde professores, alunos, pais, encarregados de Educação, funcionários e comunidade escolar, pelo mesmo ideal e por interesses comuns se co-envolvem, com vista à promoção social e humana dos alunos que se traduz na sua formação integral. Relativamente às lições de vida que te ensinei, não foram intencionais, acredita. Se te transmiti algum saber sobre resistência, luta, coragem, força, fé, etc, não o fiz por estar segura dessa matéria, fi-lo, isso sim, porque Deus foi durante essa experiência o porto onde encostei muitas vezes para encher o peito de ar,respirar fundo, rezar, chorar, carregar baterias e continuar viagem. E se neste momento alguém se sentir, por qualquer razão, desnorteado, a direcção que lhe aponto é DEUS. Pensas que não mergulhei fundo, que não tive medos, que não me questionei, que não, que não, que não?!!! Oh! quantas vezes me senti perdida! Só que Deus foi, é e quero que seja sempre o SUPORTE onde me agarro. Por isso, Carla, a esta Lula não tens que agradecer. O que partilhei contigo recebi-o na mesma proporção. Somente a amizade que assenta nesta dualidade(dar/receber)é que faz sentido e vale a pena manter. E a nossa veio para ficar, pois somos, efectivamente amigas. Se precisares de alguma coisa que eu te possa ajudar, estou aqui. Beijinhos da tua Lula. P. s. Qualquer dia respondo ao mail que enviaste para o meu correio electrónico. Já o li. Obrigada.
5 comentários:
Lá teria as suas razões o devoto que mandou construir um nicho em honra de S. Domingos. Porquê ali? Porventura por estar perto dos seus campos e por ser ponto de passagem para os mesmos, acredito que tenha em algum momento da sua vida parado aí, para orar ou fazer silêncio. Quantas vezes se diz tanto não dizendo nada! As palavras não saem, mas tem muita força o sentimento.
Estou convicta de que o Santo era muito mais venerado nesse tempo em que vários transeuntes, por ali passavam deslocando-se a pé até aos campos, montes ou até à serra, ou então porque esse lugar a que chamavam de Sardal ou Cruz era um oásis, para quem vinha carregado com molhos às costas ou à cabeça, e os pousavam ali, do que o é hoje, tempo em que já não se cultiva quase nada para aqueles lados e os que por ali passam, fazem-no de carro, cujos condutores e acompanhantes não têm tanta fé no Santo que justifique ali uma paragem obrigatória!
Um simbolo... Uma lembrança sem lembrar... Uma saudade que se sente mesmo quando não se conheceu alguém... Alguém importante... Alguém de quem se gosta sem nunca ter visto... Gosto das histórias... Porque as histórias me aproximam das pessoas... O sr Domingos, posso dizer com orgulho, foi o meu Avô... Que espero que olhe por nós... Um beijo com saudades de quem nunca te conheceu...
A Carla é licenciada em Psicologia e do que conheço dela e das suas qualidades humanas, é para mim um orgulho quantificar neste espaço o carinho, a amizade e a admiração que sinto por ela.
Sendo que o mercado de trabalho está muito condicionado pelo excesso de licenciaturas, a de Psicologia não foge à regra. E esta menina é, como muitas, apanhada pela crise do desemprego na sua área. Mas, enquanto que algumas recém-formadas se acomodam às circuntâncias, a Carla não. Sujeita-se a trabalhar seja no que for, mesmo que a frustração e o desencanto se misturem com a dignidade do trabalho, que segundo a sabedoria popular não tem patamares, ou seja, todo o trabalho é digno. E esta atitude despretensiosa dessa menina aproveitar todas as oportunidades, ainda que não se prendam com a sua realização pessoal e profissional, é que faz toda a diferença. Mais: faz de si uma grande mulher.
É também a protagonista de uma história pessoal que ninguém mais conta, porque cada um de nós e segundo o projecto de vida que constrói, é único e irrepetível.
E esta história de vida é que aproxima as pessoas e estreita os corações.
Essa relação de proximidade que mantenho com a Carla desde pequenina, faz de nós amigas especiais, de tal modo que eu continuo a ser para ela, não a Lurdes mas sim a Lula, que ela aprendeu a chamar quando era bebé.
Deixo-lhe aqui um abraço afectuoso e beijinhos de amizade.
Lula
Obrigada Lula...
Pelas palavras de ternura, afecto e compreensão... Obrigada pelos anos de convivência, aprendizagem, apoio... AMIZADE! Porque uma amizade que se constrói com pilares suficientemente fortes nunca se esquece nem diminui em sentimento ou lembrança por mais que os caminhos não se cruzem...
Obrigada pelas lições de vida...
Obrigada porque simplesmente é... A minha Lula...
Não mereceria tanta gratidão se Deus... falando numa perpectiva mais religiosa ou então... o destino, se é que existe, não nos tivesse cruzado nesta escalada da vida que cada uma vai fazendo. Tu, ainda jovem, arquitectando projectos e alimentando esperanças. Eu, dando cumprimento aos meus, mas... já com o vigor da vida a decair em consequência da idade, das desilusões, das doenças que tive, tenho ou terei e das partidas que a vida vai pregando. E que partidas!...
Mas olha, Carla, se alguma coisa aprendeste comigo, muito me ensinaste também. Não há mestre que não aprenda e aprendiz que não ensine. O primeiro, aprende ensinando e o segundo ensina aprendendo. Paradoxalmente esta relação, há cerca de meio século atrás, entre ensino/aprendizagem não tinha a mesma conotação nem o mesmo resultado que tem hoje. Felizmente a reforma e as actualizações do sistema de ensino foram e continuam a ser tão oportunas, que a escola da vida é o produto da vida na escola onde professores, alunos, pais, encarregados de Educação, funcionários e comunidade escolar, pelo mesmo ideal e por interesses comuns se co-envolvem, com vista à promoção social e humana dos alunos que se traduz na sua formação integral.
Relativamente às lições de vida que te ensinei, não foram intencionais, acredita. Se te transmiti algum saber sobre resistência, luta, coragem, força, fé, etc, não o fiz por estar segura dessa matéria, fi-lo, isso sim, porque Deus foi durante essa experiência o porto onde encostei muitas vezes para encher o peito de ar,respirar fundo, rezar, chorar, carregar baterias e continuar viagem.
E se neste momento alguém se sentir, por qualquer razão, desnorteado, a direcção que lhe aponto é DEUS.
Pensas que não mergulhei fundo, que não tive medos, que não me questionei, que não, que não, que não?!!! Oh! quantas vezes me senti perdida!
Só que Deus foi, é e quero que seja sempre o SUPORTE onde me agarro.
Por isso, Carla, a esta Lula não tens que agradecer. O que partilhei contigo recebi-o na mesma proporção.
Somente a amizade que assenta nesta dualidade(dar/receber)é que faz sentido e vale a pena manter.
E a nossa veio para ficar, pois somos, efectivamente amigas.
Se precisares de alguma coisa que eu te possa ajudar, estou aqui. Beijinhos da tua Lula.
P. s. Qualquer dia respondo ao mail que enviaste para o meu correio electrónico. Já o li. Obrigada.
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