Maria de Lurdes Campelo de Sousa Rodrigues
disse...
Parece-me que Chambelho não teve mais ninguém senão tu, querido irmão, que o tivesse calcorreado, levando com o calor ardente do verão e o frio, o vento e a chuva rigorosos do Inverno. Acho tão lindo e até me comovo com essa saudade que ainda sentes do tempo dos sacrifícios! Há quem prefira enterrar essas memórias, porque só o que é bom apetece lembrar. Tu, ao contrário, orgulhas-te por tornar presente o passado que não queres esquecer e que até desejas perpetuar. Parabéns pela tua dedicação à terra, aos montes,aos caminhos e carreiros. Ah! tivessem eles voz e dir-te-iam: obrigado. Beijinhos da tua irmã Lurdes
Este foi um dia memorável.Voltar a Chambelho e àqueles montes, àquelas serras,onde já não crescem pinheiros,nem giestas nem urzes, porque tudo o fogo devorou. E tantas vezes ardeu que até a terra queimou. Adorei voltar a pisar o chão, aquele chão que nos dava lenha e mato e pasto para o gado, ovelhas e vacas. Lembrei-me de alguns episódios de que fui protagonista. Já agora, alguém se lembra de que nos Rechães havia santieiros, também conhecidos por cogumelos, sim aqueles bons para comer e que nós, miudos, procurávamos como quem procurava ninhos de pássaros,de perdizes ou luras de coelhos?. Entre os episódios pitorescos de que fui protagonista, lembro-me de numa dada altura andarmos, eu e diversas pessoas der que já não me recordo, a cortar mato no nosso terreno da Fonte do Fojo para o Senhor Abade. E ele mandou um garrafão de vimho para os cortadores do mato. A certa altura, sentámo-nos para comer alguma coisa e beber também. E vai daí entramos no garrafão. Claro, não havia copo e todos tinham de beber directamente do garrafão. Já não me lembro quem começou a beber. O que sei é que, quando chegou a minha vez, pus a minha boca na boca do garrafão e dei-lhe uma apetecida golada. A páginas tantas, comecei a sentir algo estranho e peludo a arranhar-me a garganta quem nem ia pra baixo nem queria sair: quando consegui tirar aquilo da boca, vimos todos com grande espanto e não menos nojo que era o rabo de um rato!... O rato entro no garrafão antes de ter sido engarrafado o vinho e ali ficou à espera de se embebedar!... Até que morreu e o rabo veio para à minha boca!... Digo-vos que rabo de gato semi-desfeito em vinho não é nenhum petisco!... Nunca mais me esqueci desse episódio e recordei-o agora de novo neste regresso a chambelho! Por isso aqui fica o seu registo. Aliás, Chambelho guarda muitas estórias... algumas muito pitorescas, até porque foi por ali, por aqueles montes que eu e muitos outros jovens, rapazes e algumas raparigas, fomos deixando de ser crianças! Um abraço para os bloguers e em especial para o seu criador!
2 comentários:
Parece-me que Chambelho não teve mais ninguém senão tu, querido irmão, que o tivesse calcorreado, levando com o calor ardente do verão e o frio, o vento e a chuva rigorosos do Inverno.
Acho tão lindo e até me comovo com essa saudade que ainda sentes do tempo dos sacrifícios! Há quem prefira enterrar essas memórias, porque só o que é bom apetece lembrar. Tu, ao contrário, orgulhas-te por tornar presente o passado que não queres esquecer e que até desejas perpetuar.
Parabéns pela tua dedicação à terra, aos montes,aos caminhos e carreiros. Ah! tivessem eles voz e dir-te-iam: obrigado.
Beijinhos da tua irmã Lurdes
Este foi um dia memorável.Voltar a Chambelho e àqueles montes, àquelas serras,onde já não crescem pinheiros,nem giestas nem urzes, porque tudo o fogo devorou. E tantas vezes ardeu que até a terra queimou. Adorei voltar a pisar o chão, aquele chão que nos dava lenha e mato e pasto para o gado, ovelhas e vacas.
Lembrei-me de alguns episódios de que fui protagonista. Já agora, alguém se lembra de que nos Rechães havia santieiros, também conhecidos por cogumelos, sim aqueles bons para comer e que nós, miudos, procurávamos como quem procurava ninhos de pássaros,de perdizes ou luras de coelhos?. Entre os episódios pitorescos de que fui protagonista, lembro-me de numa dada altura andarmos, eu e diversas pessoas der que já não me recordo, a cortar mato no nosso terreno da Fonte do Fojo para o Senhor Abade. E ele mandou um garrafão de vimho para os cortadores do mato. A certa altura, sentámo-nos para comer alguma coisa e beber também. E vai daí entramos no garrafão. Claro, não havia copo e todos tinham de beber directamente do garrafão. Já não me lembro quem começou a beber. O que sei é que, quando chegou a minha vez, pus a minha boca na boca do garrafão e dei-lhe uma apetecida golada. A páginas tantas, comecei a sentir algo estranho e peludo a arranhar-me a garganta quem nem ia pra baixo nem queria sair: quando consegui tirar aquilo da boca, vimos todos com grande espanto e não menos nojo que era o rabo de um rato!... O rato entro no garrafão antes de ter sido engarrafado o vinho e ali ficou à espera de se embebedar!... Até que morreu e o rabo veio para à minha boca!... Digo-vos que rabo de gato semi-desfeito em vinho não é nenhum petisco!...
Nunca mais me esqueci desse episódio e recordei-o agora de novo neste regresso a chambelho! Por isso aqui fica o seu registo.
Aliás, Chambelho guarda muitas estórias... algumas muito pitorescas, até porque foi por ali, por aqueles montes que eu e muitos outros jovens, rapazes e algumas raparigas, fomos deixando de ser crianças!
Um abraço para os bloguers e em especial para o seu criador!
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